O Prêmio Pritzker é considerado uma das mais altas honrarias da arquitetura mundial. Este prêmio visa reconhecer a carreira de arquitetos que, ao longo de sua trajetória, têm contribuído de forma notável para a evolução da arquitetura global.
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Sua importância se deve não só ao prestígio da premiação, mas também à valorização das obras que impactam diretamente a paisagem urbana, a sustentabilidade e a experiência humana com o ambiente construído. Neste artigo, vamos explorar os ganhadores do Prêmio Pritzker dos últimos anos e analisar as contribuições de cada um ao campo da arquitetura.
O Prêmio Pritzker, frequentemente aclamado como o "Nobel da Arquitetura", é a mais prestigiosa honraria concedida a um arquiteto vivo. Instituído em 1979 pela família Pritzker, através da Fundação Hyatt, o prêmio celebra a excelência na arte da arquitetura, reconhecendo aqueles cujas obras demonstram talento, visão e compromisso, contribuindo significativamente para a humanidade e o ambiente construído.
Ao longo de mais de quatro décadas, o Prêmio Pritzker tem honrado arquitetos visionários que moldaram o mundo com suas criações inovadoras e impactantes. Este artigo explora a história do prêmio, seus critérios de seleção e, em particular, destaca os laureados dos últimos anos, revelando suas obras notáveis e a filosofia que impulsiona seus projetos.
O Prêmio Pritzker e sua importância na arquitetura
Para começar, é importante entender a origem e a relevância do Prêmio Pritzker. Ao longo dos anos, ele se tornou o equivalente ao Nobel para arquitetos, destacando aqueles que têm uma visão inovadora e transformadora do espaço. Este prêmio é concedido anualmente e pode ser atribuído a arquitetos de diferentes partes do mundo, sem limitações geográficas, desde que a obra do premiado tenha gerado impacto positivo na arquitetura.
O critério de seleção vai além da quantidade de projetos realizados, buscando premiar a qualidade e a sustentabilidade das obras, assim como sua relação com o ambiente natural e urbano. Este prêmio celebra a inovação, mas também reconhece a responsabilidade social da arquitetura.
Os critérios de seleção: além da estética
O júri do Prêmio Pritzker, composto por renomados arquitetos, críticos e acadêmicos, avalia os candidatos com base em diversos critérios, que vão além da estética e da funcionalidade. A originalidade, a inovação, o impacto social e ambiental, a relevância cultural e a atemporalidade são alguns dos aspectos considerados.
O prêmio busca reconhecer arquitetos que demonstram um profundo entendimento do contexto em que trabalham, que respondem aos desafios contemporâneos com soluções criativas e que criam espaços que inspiram e enriquecem a vida das pessoas.
Ganhadores recentes do Prêmio Pritzker nos últimos 10 anos
Nos últimos anos, o Prêmio Pritzker foi entregue a arquitetos que marcaram um momento importante na história da arquitetura contemporânea. Cada um dos premiados traz consigo um conjunto único de características e contribuições que enriqueceram o campo da arquitetura, abordando desde a sustentabilidade até o impacto cultural das construções. Aqui, vamos destacar alguns dos ganhadores mais recentes e suas obras mais significativas.
2025: Liu Jiakun - o Prêmio Pritzker de Arquitetura
Em 2025, o Prêmio Pritzker de Arquitetura, considerado o "Nobel da Arquitetura", foi concedido ao arquiteto chinês Liu Jiakun. Reconhecido por sua habilidade em combinar elementos tradicionais chineses com design contemporâneo, Liu tem se destacado por sua abordagem única que celebra a vida cotidiana das pessoas e promove um senso de comunidade. O arquiteto é o fundador do escritório Jiakun Architects, e sua obra reflete uma profunda conexão com as tradições culturais de sua terra natal, ao mesmo tempo em que se adapta às exigências do mundo moderno.
Liu Jiakun é o terceiro arquiteto chinês a receber o Prêmio Pritzker, uma conquista significativa que não só celebra sua excelência em arquitetura, mas também destaca a crescente influência da arquitetura chinesa no cenário global. Sua obra é caracterizada por um diálogo constante entre o passado e o presente, incorporando elementos tradicionais da arquitetura chinesa, como o uso de materiais locais e técnicas construtivas antigas, mas reinterpretando-os de maneira contemporânea para atender às necessidades sociais e culturais de hoje. Ao longo de sua carreira, Liu tem promovido a ideia de que a arquitetura deve ser um reflexo das necessidades e valores das comunidades, criando espaços que reforçam a identidade cultural enquanto atendem às demandas do ambiente moderno e globalizado.
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fonte: Pritzker Prize/X |
2024: Riken Yamamoto
Em 2024, o Prêmio Pritzker foi concedido ao arquiteto japonês Riken Yamamoto, reconhecido por sua habilidade em criar espaços que promovem harmonia e tranquilidade, mesmo em contextos urbanos desafiadores e diversos. Nascido em Pequim e estabelecido em Yokohama, Japão, após a Segunda Guerra Mundial, Yamamoto tem uma carreira que reflete um profundo interesse pela arquitetura como uma ferramenta para moldar tanto a vida cotidiana das pessoas quanto a sociedade em geral.
Riken Yamamoto foi premiado por seu "estilo tranquilizador" e por sua capacidade de criar "sociedades harmônicas apesar da diversidade de identidades", o que é refletido em muitas de suas obras ao redor do mundo. Sua abordagem única à arquitetura busca não apenas a funcionalidade, mas também a criação de um ambiente de paz e coesão, algo essencial no mundo contemporâneo, onde as tensões sociais e culturais estão em constante transformação.
Entre suas obras mais notáveis estão a Universidade Nagoya Zokei, no Japão, e o The Circle, no aeroporto de Zurique, na Suíça. A Universidade Nagoya Zokei se destaca pela integração com o ambiente e pela ênfase na criação de um campus que favorece a interação entre os estudantes e a natureza, promovendo um espaço de aprendizado tranquilo e inspirador. Já o The Circle é um projeto multifacetado no aeroporto de Zurique, que foi pensado para criar um fluxo harmônico de pessoas, mantendo ao mesmo tempo um espaço de convivência agradável, funcional e sustentável.
O estilo de Yamamoto é marcado pela simplicidade e pelo respeito ao contexto, utilizando materiais e formas que buscam dialogar com o entorno sem imposições, criando, assim, um senso de pertencimento e unidade entre as pessoas e os espaços. A maneira com que ele combina modernidade e tradição, sem perder a sensibilidade ao contexto cultural e ambiental, tem sido um elemento essencial de sua prática ao longo dos anos.
Sua filosofia arquitetônica está profundamente enraizada na ideia de que a arquitetura não é apenas um reflexo do mundo físico, mas também um meio de promover o bem-estar e a coesão social. Ao longo de sua carreira, Yamamoto tem demonstrado que é possível criar espaços que não só atendem às necessidades funcionais, mas também enriquecem a experiência humana, respeitando a diversidade cultural e ambiental. Seu trabalho segue o princípio de que a arquitetura tem o poder de influenciar positivamente a sociedade, oferecendo aos indivíduos um espaço para viver, trabalhar e interagir em harmonia.
A conquista de Yamamoto do Prêmio Pritzker em 2024 não é apenas uma celebração de suas realizações individuais, mas também um reconhecimento de sua contribuição significativa para a arquitetura global, uma arquitetura que, mais do que nunca, precisa ser uma força de união, paz e sustentabilidade.
2023: David Chipperfield
David Chipperfield foi o ganhador do Prêmio Pritzker de 2024. Conhecido por seu trabalho minimalista e focado na beleza da simplicidade, Chipperfield tem uma carreira marcada por projetos que respeitam o contexto histórico e natural dos lugares. Seu trabalho mais conhecido inclui o Neues Museum, em Berlim, e a Foster + Partners, uma das maiores e mais renomadas empresas de arquitetura do mundo.
Ele é particularmente famoso pela maneira com que integra modernidade com tradição, sempre com um olhar para a sustentabilidade. Chipperfield tem sido aclamado por seu compromisso com a qualidade do design e a integração das obras ao entorno.
2022: Diébédo Francis Kéré
Diébédo Francis Kéré, de Burkina Faso, foi premiado com o Pritzker em 2022. Kéré se destaca pela criação de espaços que respondem às necessidades das comunidades em climas áridos e com recursos limitados. Sua obra vai além da arquitetura, utilizando materiais locais e técnicas sustentáveis para criar construções que promovem o bem-estar das pessoas.
Um de seus projetos mais notáveis é o Centro Comunitário de Gando, em sua cidade natal, onde ele usou técnicas tradicionais de construção, como o uso de barro, para criar um edifício que não só responde às necessidades locais, mas também resiste às altas temperaturas de sua região.
Seção 3: Uma Retrospectiva dos Ganhadores dos Últimos Anos Agora, vamos fazer uma análise mais detalhada de outros ganhadores recentes do Prêmio Pritzker, explorando suas obras e influências.
2021: Anne Lacaton & Jean-Philippe Vassal
Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal receberam o prêmio em 2021, sendo uma homenagem ao trabalho de renovação e respeito ao patrimônio arquitetônico. Sua abordagem reflete um entendimento profundo das necessidades dos usuários e das comunidades que habitam os espaços. Um exemplo notável de seu trabalho é a Renovação do Conjunto Habitacional de Bois-le-Prêtre, em Paris, onde as mudanças foram feitas de forma minimalista, preservando as estruturas existentes e ao mesmo tempo criando espaços mais amplos e iluminados.
2020: Yvonne Farrell & Shelley McNamara
As irlandesas Yvonne Farrell e Shelley McNamara foram premiadas em 2020 por sua capacidade de criar espaços e edifícios que dialogam com o entorno, com um forte compromisso com a sustentabilidade e o uso de materiais naturais. Seu trabalho inclui o National Museum of Ireland, em Dublin, e a University of Limerick, onde a integração com o ambiente e a estética são aspectos centrais de sua abordagem arquitetônica.
2019: Arata Isozaki
O japonês Arata Isozaki, vencedor em 2019, é conhecido por sua abordagem transdisciplinar e global. Ele foi um dos primeiros a trabalhar a ideia de que a arquitetura não deve estar restrita a um local ou contexto, mas deve explorar influências globais e adaptá-las ao contexto específico de cada projeto. Seus trabalhos incluem o Palácio de Exposições de Osaka e o Museu de Arte de Los Angeles.
2018: Balkrishna Doshi
Em 2018, o Prêmio Pritzker foi concedido ao arquiteto indiano Balkrishna Doshi, reconhecido como o primeiro indiano a receber essa honra. Doshi se destacou por sua abordagem ética e pessoal à arquitetura, que afetou positivamente pessoas de todas as classes sociais. Ele é famoso por integrar tradições da arquitetura indiana com técnicas modernas, criando projetos que refletem um regionalismo crítico e sustentável. Seu trabalho se destaca pela busca de soluções que não apenas atendem às necessidades funcionais, mas também têm um impacto positivo nas comunidades, criando espaços acessíveis e confortáveis para todos, independentemente de sua condição socioeconômica.
Ao longo de sua carreira, Doshi tem se dedicado a projetar edifícios que respeitam a cultura e o clima local, utilizando materiais regionais e técnicas de construção tradicionais adaptadas às exigências contemporâneas. Ele é conhecido por obras como o Indian Institute of Management em Bangalore e o Aranya Low Cost Housing em Indore, que demonstram seu compromisso com a criação de ambientes habitáveis e sustentáveis, ao mesmo tempo em que preserva a identidade cultural e histórica da Índia. A visão de Doshi vai além da arquitetura de edifícios; ele busca a transformação social por meio do design, trabalhando em projetos que atendem às necessidades de comunidades inteiras e melhoram a qualidade de vida em áreas urbanas e rurais.
2017: Três Arquitetos Espanhóis - RCR Arquitectes (Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta)
O Prêmio Pritzker de 2017 foi concedido a três arquitetos espanhóis do estúdio RCR Arquitectes: Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta. Juntos, eles fundaram o estúdio RCR em 1988, na cidade natal de Olot, na província de Girona, após se formarem na Escola Tècnica Superior d'Arquitectura del Vallès. O sucesso inicial do trio foi impulsionado por sua vitória em um concurso patrocinado pelo Ministério de Obras Públicas e Urbanismo da Espanha, onde projetaram um farol em Punta Aldea. Essa conquista inicial os permitiu explorar uma abordagem arquitetônica profundamente enraizada no contexto local e na interação com a natureza, características que se mantiveram presentes ao longo de sua carreira.
A trajetória de Aranda, Pigem e Vilalta se destaca pela integração harmoniosa de seus projetos com o ambiente natural, uma abordagem que lhes rendeu reconhecimento internacional, com comissões em várias partes do mundo. Eles participaram de importantes exposições e receberam diversos prêmios, incluindo o Prêmio Nacional de Cultura em 2005 e a Medalha de Ouro pela Académie d'Architecture em 2015. Além disso, têm se dedicado à educação e ao desenvolvimento cultural, com a criação da Fundação RCR BUNKA, que apoia a arquitetura, as artes e a cultura. Seu trabalho se caracteriza por uma sensibilidade única à natureza e ao contexto, refletindo uma filosofia que combina abstração com elementos naturais, resultando em um legado de inovações arquitetônicas sustentáveis.
2016: Alejandro Aravena
Alejandro Aravena foi o ganhador do Prêmio Pritzker de 2023. O arquiteto chileno é reconhecido por sua capacidade de combinar arquitetura social com uma abordagem inovadora e sustentável. Aravena é conhecido pelo projeto Elemental, que busca soluções habitacionais de baixo custo, mas de alta qualidade, para comunidades de baixa renda.
Seu trabalho reflete uma profunda consciência social, oferecendo uma arquitetura que não só resolve questões habitacionais, mas também promove o bem-estar das pessoas que habitam suas obras. Aravena se destaca, ainda, pelo seu papel como diretor da Bienal de Arquitetura de Veneza, onde seu tema de curadoria focou em “Arquitetura e Responsabilidade Social”.
O Prêmio Pritzker e a diversidade cultural na arquitetura
Uma das características mais notáveis do Prêmio Pritzker é sua capacidade de reconhecer arquitetos de diferentes origens culturais e geográficas, promovendo a diversidade no campo da arquitetura. Ao longo dos anos, o prêmio tem sido uma plataforma para a valorização de arquitetos de diferentes partes do mundo, e cada um traz uma perspectiva única sobre como a arquitetura pode se adaptar e responder aos contextos locais.
Por exemplo, Diébédo Francis Kéré trouxe uma abordagem profundamente enraizada na cultura africana, enquanto Alejandro Aravena tem um foco social e ambiental muito forte, refletindo a realidade latino-americana. Essa diversidade enriquece a prática da arquitetura, ao incorporar diferentes perspectivas e práticas de construção.
O Futuro do Prêmio Pritzker
O Prêmio Pritzker continua sendo uma referência para a arquitetura mundial. À medida que o mundo enfrenta desafios como a mudança climática, a urbanização crescente e as questões sociais, é provável que os próximos ganhadores do prêmio continuem a ser aqueles que propõem soluções inovadoras, sustentáveis e inclusivas. A arquitetura, cada vez mais, se apresenta como uma ferramenta para resolver questões globais, e o Pritzker será sempre um reflexo desse movimento.
À medida que o mundo enfrenta desafios cada vez mais complexos, como as mudanças climáticas, a urbanização acelerada e a desigualdade social, o papel da arquitetura se torna ainda mais crucial. O Prêmio Pritzker continuará a desempenhar um papel fundamental na promoção de uma arquitetura que responda a esses desafios, que seja inovadora, sustentável e que coloque as necessidades das pessoas em primeiro lugar.
A cada ano, o Prêmio Pritzker nos lembra do poder transformador da arquitetura, da capacidade de um edifício de inspirar, de conectar pessoas e de criar um senso de lugar. Ao celebrar os arquitetos que moldam o mundo com suas visões e habilidades, o prêmio nos convida a apreciar a beleza e a importância da arquitetura em nossas vidas.
Conclusão:
O Prêmio Pritzker continua a destacar os arquitetos mais visionários e transformadores do mundo, reconhecendo aqueles que contribuem de forma significativa para o futuro da arquitetura. Os ganhadores dos últimos anos têm demonstrado que a arquitetura é uma disciplina dinâmica e fundamental, que pode influenciar a vida das pessoas de maneiras profundas e positivas. Se há algo que podemos concluir a partir da análise desses grandes nomes, é que a arquitetura não é apenas uma profissão, mas uma forma de arte que pode transformar realidades, responder aos desafios do tempo e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Ele é mais do que uma simples premiação, é um reconhecimento do poder da arquitetura de moldar o mundo e de melhorar a vida das pessoas. Os laureados recentes demonstram a diversidade e a riqueza da arquitetura contemporânea, cada um com sua própria abordagem e estilo, mas todos unidos pelo compromisso com a criação de espaços significativos e impactantes.
Acompanhar a trajetória dos laureados do Prêmio Pritzker é uma jornada fascinante pela arquitetura contemporânea, uma oportunidade de explorar as ideias e os projetos que estão moldando o futuro do nosso ambiente construído.